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IMED passará a oferecer treinamentos a policiais para abordagem e condução de interrogatórios

Por: Francine Tiecher

 

Laboratório Cogjus vai oportunizar pesquisa e capacitações nas áreas de abordagem, entrevistas e interrogatórios de suspeitos, utilizando técnicas da Psicologia Cognitiva

 

Para quem é espectador de séries policiais ou gosta de filmes com a mesma temática, possivelmente já parou para pensar como é possível que os personagens tenham tanta assertividade nas investigações. Porém, para além da ficção, a dificuldade em fazer um suspeito de algum crime “abrir o jogo” ou falar sobre o ocorrido quando está sob um interrogatório policial é uma realidade que os profissionais da área encaram diariamente.

Existe uma prática comumente adotada em países mais desenvolvidos, que é o treinamento de policiais que realizam essas atividades, por meio de dados e pesquisas científicas, que tem o intuito de ensinar técnicas e ferramentas mais assertivas para a condução deste processo que não é nada fácil, e que, na vida real, esbarra em muitos empecilhos.

Nesse sentido, a IMED passa a trabalhar de forma inédita com esse tipo de treinamento. Por meio do Cogjus – Laboratório de Ensino e Pesquisa em Cognição e Justiça, que tem como principal objetivo realizar o diálogo entre a ciência da Psicologia com a prática do sistema de justiça Brasileiro, o projeto está propondo e testando inovações na área de investigação criminal por meio de pesquisas e capacitações.

O Cogjus foi idealizado e coordenado pelo prof. Dr. William Weber Cecconello, que tem experiência na criação de treinamentos para policiais, uma vez que o tema foi foco de seu doutorado realizado em parte no Reino Unido, onde o docente teve contato com pesquisadores de renome internacional, além de ter participado de treinamentos deste caráter na Irlanda (Garda Síochána) e Inglaterra (Surrey Police). A Psicologia Forense é um campo consolidado em outros países, mas ainda incipiente no Brasil.

William relata que esta experiência foi fundamental para o planejamento do projeto. “Se um policial precisa entrevistar uma vítima muito abalada, mas não foi capacitado para isto, pode ter algumas dificuldades em conseguir informações importantes para a investigação. A Psicologia Cognitiva estuda os processos de comunicação, memória, pensamento investigativo, entre outros, e pode auxiliar neste processo. A academia desenvolve e propõe técnicas que possam tornar o trabalho investigativo mais eficaz. A polícia é então capacitada para estas técnicas e pode ajudar a aprimorar a técnica proposta, ou até mesmo trazer novas demandas. Assim, a ciência busca alcançar a prática levando em conta a realidade e as demandas dos policiais, buscando uma relação de parceria e feedback constante de ambas as partes”, pontua o pesquisador.

Mas, e como vai funcionar a dinâmica de trabalho do Laboratório na IMED? Neste primeiro ano de implantação, o foco será o desenvolvimento de treinamentos na área de abordagem, entrevista e interrogatório de suspeitos. Estão sendo previstas etapas de entrevistas com policiais, para entender as maiores necessidades de procedimento, para, posteriormente, desenvolver e testar os procedimentos de entrevista. O projeto já está com edital aberto para bolsistas dos cursos de Graduação de Psicologia e Direito.

Já estão sendo articuladas parcerias com a Polícia Civil de diferentes estados do Brasil. Além disso, a iniciativa já conta com parcerias internacionais para a realização das ações a serem desenvolvidas. Para o ano de 2021, já foram investidos cerca de 30 mil dólares na implantação do Laboratório, em parceria com o Norwegian Centre for Human Rights. Além disto, o projeto conta com parcerias de renome nacional, como a professora Lilian Milnitsky Stein, PhD em psicologia pela University of Arizona, e pioneira no tema de Psicologia do Testemunho no Brasil, que vai atuar como consultora do Cogjus.

Josiane Razera, que é Coordenadora do Curso de Psicologia, destaca que o projeto, que é fomentado pelos pilares acadêmicos da IMED de inovação e empreendedorismo, oportunizará importantes ganhos acadêmicos e sociais. “Os alunos vinculados ao curso de Psicologia terão a oportunidade de participar da pesquisa-ação proposta pelo Cogjus, o que certamente será um complemento ímpar para a sua formação”.

A iniciativa é uma parceria entre a Fundação IMED e o Curso de Psicologia do Campus Passo Fundo. A ideia é expandir o serviço para todo o Brasil, com o intuito de suprir demandas encaminhadas das próprias delegacias, e ofertar um treinamento mais adequado aos profissionais desta área, trazendo mais efetividade para os desdobramentos e resoluções dos casos investigados.

Marcia Capellari, Diretora do Hub de Inovação da Fundação IMED aponta que “toda ação que impacte em contribuições para a sociedade de forma mais assertiva, inteligente e produtiva reforça a missão de uma instituição de ensino e pesquisa com foco em inovação. Nesse caso em especial, estamos olhando diretamente em desenvolver e aprimorar soft skills de policiais que possam utilizar os recursos tecnológicos forense utilizando seu principal diferencial de ser humano que é a comunicação e a capacidade de expressar sentimentos”, ressalta.

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